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terça-feira, 4 de novembro de 2014

AS FASES DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

Através desse contexto entende-se que as mudanças na sociedade atingiam diretamente os mecanismos de funcionamento da educação, pois as instituições escolares precisavam atender, além das necessidades das crianças, também as necessidades das famílias. Somente em 1988, com a promulgação da Constituição da República Brasileira, a educação foi tratada como assunto de suma importância e como um direito que toda criança dispõe mesmo antes de nascer, e um dever que cabe ao Estado garantir. Na busca por melhorias na educação, Heidrich (2010, p. 02) coloca a Constituição de 1988 "como marco que rompeu a tradição assistencialista" e complementa declarando que dois anos depois, em 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) reafirmou os direitos constitucionais em relação à Educação Infantil. Em 1994, o MEC publicou o documento Política Nacional de Educação Infantil que estabeleceu metas como a expansão de vagas e políticas de melhoria da qualidade no atendimento às crianças, entre elas a necessidade de qualificação dos profissionais, que resultou no documento por uma política de formação do profissional de Educação Infantil. Além desses documentos, foi de fundamental relevância a promulgação da Emenda Constitucional que criou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 9394/96), onde a educação infantil passou a compor a primeira etapa da Educação Básica, integrando-se aos ensinos fundamental e médio. O desenvolvimento da criança tem sido alvo de grandes estudos, em que o ser infantil é visto como um importante meio de obtenção de respostas para múltiplas indagações que se tem a respeito do comportamento humano. Tais estudos têm revelado que a criança passa por um processo de construção de personalidade conforme as relações estabelecidas com o ambiente físico e social que convive, haja vista que há opiniões contrárias a esta afirmação, pois a hereditariedade também é um dos fatores relevantes para o desenvolvimento humano. Piaget, um dos grandes percussores das teorias do comportamento humano, realizou pesquisas no campo da psicologia infantil, constatando que o desenvolvimento cognitivo dar-se-á através de estágios, momentos em que o indivíduo adquire maturidade desde o nascimento à vida adulta estando em constante transformação. Em linhas gerais, Piaget (1974) esquematiza o desenvolvimento intelectual nos seguintes estágios: Sensório-motor (0 a 2 anos) que corresponde o estágio inicial, que vai do nascimento até os dois anos de vida, momento em que a criança já tem uma percepção do ambiente e age sobre ele. Faz-se necessário uma estimulação ambiental para que o bebê obtenha reflexões das imagens e com isso já passe a coordenar-las. O segundo estágio (2 aos 6 anos) chamado de Pré-operacional, momento em que a criança começa a desenvolver a capacidade simbólica. Neste período o que de mais importante acontece é o aparecimento da linguagem, que irá acarretar modificações nos aspectos intelectual, afetivo e social da criança. É importante ainda considerar que neste período a maturação neurofisiológica completa-se permitindo o desenvolvimento de novas habilidades, como a coordenação motora fina, onde a criança já consegue fazer alguns movimentos exigidos pela escrita. O terceiro estágio chamado de operações concretas (7 aos 11 ou 12 anos) é o período onde as operações mentais da criança ocorrem em resposta a objetos e situações reais. Também inicia-se a construção lógica, isto é, a capacidade de coordenação de pontos de vista diferentes. E por último o quarto estágio, que se refere às operações formais, é o período após os 12 anos, a fase da adolescência, em que a criança passa a adquirir características próprias da fase adulta, como também adquire autonomia crescente em relação ao adulto, passando a organizar seus próprios valores morais. Levando em consideração essas fases, vale ressaltar que o processo de ensino e aprendizagem deve considerar o período de maturação, pois segundo Mussen (1982, p.27-28) "odas as características do indivíduo bem como todas as mudanças de desenvolvimento são produtos de maturação" Portanto é esta que determina o nível de desenvolvimento que a criança se encontra, sendo necessário que o organismo atinja o momento apropriado para a realização de determinada tarefa, obtendo assim uma aprendizagem. Pela ótica de Freud (1973) o comportamento humano é orientado pelo impulso sexual, que o mesmo chamou de libido, que significa prazer, assim pode-se descrever a sequência em que ocorrem as manifestações do impulso sexual distinguindo-as em cinco fases, onde a transição entre elas é gradual, pois a duração varia de um indivíduo para outro. A fase oral (0 18 meses) ocorre durante os primeiros anos de vida, onde a zona de erotização é a boca, os lábios e a língua, são os órgãos de satisfação da criança, seus desejos são orais. A fase anal (18 meses a 3 anos) é o período que a criança aprende a controlar as fezes e a urina, sua atenção está voltada ao funcionamento anal. A fase fálica (3 a 7 anos), é o período em que o papel sexual começa a ser assumido pelos órgãos genitais. Nessa fase do desenvolvimento sexual, o objeto de interesse para a criança de ambos os sexos é o pênis. Esse período apresenta grande tensão e muitas dificuldades para a criança. "Sua solução é importante para o desenvolvimento normal e os desvios em sua resolução estão atrás de quase todas as dificuldades neuróticas dos adultos de nossa cultura" (BALDWIN, 1973, p. 344). A fase de latência (7 a 12 anos) período este correspondente aos anos escolares, quando a criança estará voltada para a aquisição de habilidades, valores entre outros. Contudo esta fase é de calmaria, na qual os impulsos são impedidos de se manifestar surgindo sentimentos como a vergonha, repugnância e moralidade. A fase genital refere-se à fase adulta, período de concretização da identidade na qual o ser já está pronto para se envolver sexualmente. Para Freud (1973) aspectos extremamente significativos de nosso desenvolvimento pessoal e emocional são determinados durante os primeiros sete anos de vida, desse modo práticas inadequadas na educação das crianças resultarão em prejuízos para o seu comportamento quando adulto. Diante do exposto, percebe-se a importância do estudo do desenvolvimento humano para compreender que a criança não é um adulto em miniatura, ao contrário, ela apresenta características próprias de sua idade. Os estudos e pesquisas de Piaget e Freud demonstraram que existem formas de perceber, compreender e se comportar diante do mundo, conforme cada faixa etária. Dessa forma, todos os aspectos levantados são significativos para a educação, pois ao se planejar como e o que ensinar é necessário saber quem é o educando, ou seja, compreender em qual momento a criança se encontra, para que haja uma aprendizagem significativa como também possibilita ao educador realizar seu trabalho de maneira eficiente, proporcionando aos alunos uma maior compreensão do conteúdo. Sendo assim, as teorias do desenvolvimento humano permitem conhecer as individualidades de cada ser humano, o que torna os profissionais da educação mais aptos para observar e interpretar os comportamentos infantis.

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